São escuras estas águas
Com tristes seres encantados
Dançando suas dores, agoniados,
Por sobre profundas arquiteturas
Abissais.
E cantam, calados,
Seus estigmas do passado,
Seres lindos e descalços.
Belos pés solitários.
Estas águas obscuras
Que engangrenam a vida
Encondem aqui, encolhidos,
Sonhos tolos, esquecidos.
Sonhos cansados dos maus-tratos.
Desfalecem de uníssono
Em inefável horror
Estes seres triste e mágicos,
Luzentes de solidão e amor.
Mas estas águas escuras
Banham meu corpo
Não mais puro,
Marcado de beijos,
Obtusos,
Nascidos do toque soturno
Da noite longa e manchada
Com o mais louco ardor.
Enquanto me queimo
Os seres tristes dançam,
Se tocam, trepam,
Sorriem sonhos,
Se entregam
Tristes neste obscuro deserto.
Me olham
E olho...
Seria eu um deles,
Seria eu eles?
Triste noite de águas obscuras,
Ainda assim mágica.
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