No interior de cada um
Habita um hiperespaço
Uma candência
Um sopro
Um cansaço
É um buraco negro
E tudo que cai ali
Não escapa jamais
É dimensões
É todas as vidas
É o transfinito
É delírio quente
Emergindo
Transborda calor
Amor
Sorrisos
No interior se encerra
Mais coisas que o destino
São certezas
Os medos
O desconhecido
Eras de dor
Prisão e carne
No interior de cada um
O espaço-tempo se curva
À supremacia alienígena
De outro interior
O interior rompe
De mistérios antigos
De arquiteturas celestiais
Que sustentam os mundos
Dos mundos
Dos mundos
De todos os mundos
No interior há grilhões
De grilhões de grilhões
Cada átomo das correntes
É um amor passageiro
É um sonho estrangeiro
É a vida que grita
Que ela não se basta
É preciso de mais
De amor
Do brilho
De seu toque
Voz
Talvez olhar
Impera o cosmo absoluto
Que elide sombras do possível
Já não importa passado
Que a ligação, mesmo finda
Se faz infinita
Obstante a ressonância fina
O desejo querido
Acalento e o suspiro
O interior caído
Mata Deus
Mata o fluxo
O transcorrer dos sentimentos
Mesmo que lindos
Estes, eternos, são chaves
Da perdição
Do paraíso
O interior é vórtex
É almas presas
É forças perdidas
Leis não naturais
Demônios e anjos
Que se amam
Se entregam
Que se armam
Se esfacelam
Meu interior soneto
Poesia
Silêncio
Meu interior
Que cabe tudo
E muito mais
Meu interior
Que ama tudo
E nada mais
Meu interior
Espera
Esperança
Experimenta
Encerra
Meu interior
Fruto da ontologia
Do Verbo
Das flores
Da calma triste
Que paira por sobre as águas antigas
Ancestrais
Meu interior busca
Mas não acredita mais
No hiperespaço
Profunda curvatura
De densidade
De magia
Que se guarda
Em meu interior
Há espaço
Espaço
Mas amor não entra mais.