Escher

Escher

domingo, dezembro 18, 2011

teatro


Eu procuro entre as teias de sentimentos
Que lentamente, levemente, se tecem
Aquilo tudo que um dia me fez feliz, mesmo infeliz

Enquanto não encontro, enquanto só me resta sussurros
Sinto que é difícil não me sentir podre
Já que há muito deixei de sorrir por prazer

Eu poderia fingir ser um lobo solitário, mesmo rodeado de amigos
Ou me fingir popular, mesmo abandonado no frio quarto
Mas não perco meu tempo com os outros, que se perdem

É que na vida, quanto mais se vive, mais difícil é sobreviver
E torna-se complicado participar de cada fútil bondade
Que todos se sentem na obrigação de aconselhar no bom dia, na igreja, no lar

Mas não que eu busque isso, é apenas a simples consequência de si ser
Assim, real em si mesmo, e por isso mesmo viver
Quem não sabe isso, não vive, representa.


quarta-feira, dezembro 07, 2011

...


Ah, a maldição que me destinaram
Em cânticos, livros e desabafos
Traz-me a eterna alegria de saber
Que dela pouco caso faz
A minha inteira felicidade de ser

E sim, rio das caras de nojo
Que perdem tempos em desgostos
Enquanto eu me perco entre pescoços
Das noites ardentes de suor

Soluço às vezes para ressaltar
O ato insano por muitos propalados
De si perder de si mesmo por outros
Ao fingir amores, insossos

Ah, deleito-me em pecados
E escolho meu inferno sagrado
Para suprassumir-me no puro amor
Que me queima em teus braços

eis-me

O traço leve que me contorna
Esconde a singeleza triste
Porém não se espante ou grite
Faz tudo parte da alma morta
Mas que vive

É este o meu universo de discurso
É esse o meu melhor mundo possível
Dentre todos aqueles impossíveis
Que se desmancham nos bancos das praças
Oferecendo flores, sorvete, abraços...

Ah... Mas quantos dias há
Desde que não me entrego
Naquela textura que inebria
Me torna podre e me fascina?

Não, não sou dado aos prazeres da carne
Nem os do espírito
Muito menos da cotidiana vida

Não, não lateja a dor a mim outrora infligida
Nem mesmo a morte e seu destilado amargo-vil prazer traçam meus dias

Pois não lato como os vira-latas ao mundo, em protesto!
Muito menos uivo assim que nem lobo esteta para o luar de uma paixão

Sim, eu apenas levito
Quem sabe orbito em torno de minha existência
Que de mim mesmo, apenas nulifica.